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segunda-feira, 29 de maio de 2017

No túnel do Tempo: de volta aos anos 1980

Foto: O Cafezinho
Carlos Monteiro

Criada por Irvwin Allen, em 1966, a série estadunidense “O Túnel do Tempo” foi minha companheira durante praticamente todas as tardes dos longínquos anos 1970. Lá, no meu saudoso subúrbio chamado Irajá, em um mundo ainda desglobalizado, sem videogame e smartphone, a diversão da galerinha da minha geração era, além de assistir à televisão, jogar bola, brincar de pique, de pião, de bola de gude. Simplesmente adorável. Um subúrbio com violência quase zero, sem balas perdidas, ainda com cadeiras nas calçadas.

Estas excelentes lembranças sempre me acompanham. (Também pudera! Poucos são os que não gostariam de viver assim, livre, a brincar de pés no chão). Mas nesses dias de tiro, porrada e bomba, na política e nas ruas, mais do que lembrar dos tempos de moleque, tenho me sentido como se houvesse passado por um túnel igual àquele da televisão, o que fazia os personagens viajarem pra frente e pra trás no tempo. De repente, do nada, como em um passe de mágica amaldiçoado, retornei aos anos 1980.

Amaldiçoado porque é como se houvesse retornado ao avesso daquela década, sem o que nela houve de melhor. Nada de "Part-Time Lover", do Stevie Wonder, nem de "Palco", do Gil, o negócio, neste revival em que me meti, é mais chegado a um "Xou da Xuxa" dos horrores. Tal e qual lá atrás, volto a correr das bombas lançadas covardemente pela polícia sobre a população, que protestava pacificamente, na Cinelândia, contra um presidente ilegítimo, e flagrado em ato de corrupção explícita. Assim como nos 80, cá estou a pedir "diretas já!", na mesma Candelária, como na época da faculdade, só que agora ao lado de professores e colegas de mestrado. Não está realmente fácil. O Chico tem razão. É preciso muita pirueta para ganhar o pão de cada dia. Mas como é fundamental falar das flores, já ensinara Vandré desde os anos 1960, o fim de semana trouxe certa esperança de volta. 

Foto: Reprodução da internet
No sábado (27/5), como que para fundir ainda mais passado e presente no mesmo instante, teve memorável show do Lô Borges, no Circo Voador, onde ele cantou as músicas do antológico "Disco do Tênis" (foto da capa ao lado), que ouço desde adolescente. Para melhorar, o comício de ontem (28/5) pelas diretas, em Copacabana, assim como os ocorridos nos anos 1980, estava entupido de gente. Isso tudo como que para provar, a quem ainda tem dúvida, que os sonhos realmente não envelhecem, como bem disseram Milton Nascimento, Lô e Marcio Borges, no também genial Clube da Esquina. Acredito que eles, os sonhos, só fazem mesmo é levar a gente, pra lá e pra cá, em busca da nossa utopia.

Assim seja! Vamos nessa!

O "Disco do Tênis"